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EDIÇÃO 155 - MARÇO/ABRIL 2017

Se não tivesse amor, eu não seria nada

Judith e eu pretendemos ficar juntos “até que a morte nos separe”.  Jamais pensamos em nos separar. Posso dizer, sem pestanejar, que, juntos, encontramos e desfrutamos o amor verdadeiro. Judith é a minha eterna namorada.

Jaime Kemp

O amor deve ser vulnerável para ser forte

A fé cristã é rica em paradoxos. Quando pensamos em senhorio, pensamos em uma pessoa que manda e em outra que obedece. Quem se submete ao senhorio de outra pessoa perde sua liberdade. No entanto, não é essa a experiência cristã. Aqueles que se submetem a Cristo, chamando-o de Senhor, sentem-se livres. Essa sensação de liberdade não acontece ao acaso, é algo que o próprio Mestre nos ensina: “Se o Filho os libertar, vocês de fato serão livres” (João 8.36).

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Adoração em família

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Linguagens do amor  

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Finanças em família

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Comunicação & ação

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O amor de Deus também apresenta para nós outro paradoxo. Afinal, o amor é a única coisa que não se pode exigir de ninguém. O império romano, que estava fundamentado numa extraordinária máquina de guerra, podia exigir impostos e obediência a suas leis, mas jamais poderia exigir amor.
Isso não seria possível porque amor é algo que precisa ser dado para que tenha valor. De nada serve um soldado com uma arma, uma espada ou lança exigindo amor de alguém. Amor é algo que damos de forma espontânea, algo que escolhemos dar. E mais: nem mesmo Deus consegue nos obrigar a amá-lo. Amor, para ser verdadeiro, tem de ser um ato voluntário. É aí que reside a vulnerabilidade do amor.


Nesse momento, começamos a perceber como é revolucionária essa opção divina. Desde o início, o Criador escolheu que queria o nosso amor e optou por receber de nós exatamente aquilo que não poderia exigir. Então, Ele precisa se aproximar de nós de outra maneira. O mistério que precisamos entender é um Deus Todo-poderoso que decide se limitar para que não fiquemos desfigurados em nossa humanidade, em nossa dignidade.


Se Deus quer nosso amor, esse amor tem de ser concedido. E aí encontramos outro paradoxo: de que, neste quesito, a opção está em nossas mãos. Deus escolheu ser vulnerável para nos ter por inteiro.


Isso criou uma série de dificuldades para Deus. Como um povo poderia obedecer-lhe se não era possível exigir desse mesmo povo o amor, a sinceridade do coração? Na prática, o povo de Israel simplesmente desobedeceu aos mandamentos desde o início, mesmo nas épocas de liderança forte e inspiradora como foram as épocas de Moisés e de Josué.


A extensão desse amor vulnerável de Deus pode ser vista nos profetas. Eles eram enviados para mostrar quais eram os caminhos de Deus e para mostrar que o povo estava longe desse caminho. Depois de mostrar a distância entre o que Deus queria e o que realmente acontecia, os profetas falavam de juízo e logo depois das promessas de restauração. Quando o povo se afastava, Deus enviava novamente profetas na tentativa de reaproximar-se de seu povo, sempre oferecendo uma saída, que o povo precisa aceitar para que ela funcione.


Antes de executar seu juízo, Deus passou muito tempo esperando, enviando seus profetas, numa longa espera vulnerável, simplesmente porque “não quer que ninguém se perca” (2 Pedro 3.9).


E onde nós nos encaixamos nesse paradoxo? O que significa para nós o amor vulnerável de Deus para conosco? E que implicações esse amor vulnerável tem para nosso relacionamento com nossos semelhantes?


A insistência em mirarmos alto é grande. “Sejam santos porque eu sou santo” (Levítico 11.45) é uma afirmação da lei mosaica, e Pedro a atualiza em uma de suas cartas (1 Pedro 1.16).


Quando Cristo surgiu no devido tempo (Tito 1.3), ele trouxe consigo a mesma intenção de nos levar à perfeição. É notável que a oração que Jesus fez por seus discípulos, pouco tempo antes da cruz, inclua um desejo de que seus discípulos fossem um com ele (João 17, a oração sacerdotal). A expressão “ser um com” é uma maneira de dizer “que eles sejam tão iguais a mim quanto eu sou igual ao Pai”. Então Jesus partilha do mesmo desejo de perfeição para nós. E isso significa que nosso amor pelos outros, os outros que foram comprados por preço de sangue inocente, também deve ser vulnerável.


E não é essa a maneira de Jesus de dizer “sejam santos porque eu sou santo”? Afinal, Ele mesmo é o padrão de todas as coisas. Por isso, somos chamados de cristãos, pequenos Cristos, cópias fiéis do Original (Atos 11.26). Neste caso, poderíamos parafrasear o “sejam santos como eu sou santo” com “tenham pelo próximo o mesmo amor vulnerável que eu tenho por vocês”.


Quando Jesus exerceu seu amor vulnerável? Por exemplo, quando resolveu que passaria tempo com seus discípulos em vez de montar para eles um curso de como virar o mundo do avesso em dez dias.


Em outro episódio, o Senhor arriscou sua reputação conversando com uma mulher de reputação duvidosa num poço em Samaria. Em vez de se preocupar com a opinião pública, Jesus se deixa ver com essa mulher, conversa sobre os melhores temas teológicos e, de quebra, revela-se pela primeira vez como o Messias.


Talvez a melhor maneira de entender definitivamente esse amor vulnerável de Cristo seja examinar sua maneira de lidar com Pedro. O apóstolo foi o primeiro a dizer com todas as letras que Jesus era o Messias. Ponto para ele. Em seguida, Pedro ficou cheio de si, achando-se mais corajoso do que realmente era. Achou que tinha força para suportar todo tipo de resistência, até mesmo a morte, para defender Jesus. O que aconteceu foi bem diferente. Ele negou a Jesus, encontrou o olhar do seu Mestre e chorou amargamente por isso. Quando Jesus ressuscitou, quis Pedro de volta ao seu convívio. Sabia que Pedro não viria pelo tanto de vergonha que sentia por ter traído seu Mestre. Então Jesus, vulnerável e respeitoso com os movimentos de alma de Pedro, o ajuda a restaurar sua confiança no amor com apenas três perguntas.


Nisso tudo reside a força inesperada de um amor vulnerável. O trabalho dos discípulos realmente virou o mundo do avesso. A mulher samaritana, apesar de sua má reputação, arrastou uma cidade para que conhecesse Jesus. E Pedro foi um dos principais líderes do cristianismo da estratégica Jerusalém.


O império romano escolheu soldados, espadas e muita violência para conquistar o mundo. Deus optou por uma estratégia vulnerável porque almeja nada menos do que transformar a natureza humana. E é o homem assim regenerado que transforma o mundo. Que o Pai nos auxilie nessa jornada santa.

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